Caoscracia: "Busco boas histórias e temas reflexivos. Me preocupo com cada detalhe"


Olá seguidores, eu sou Geize Ester do Rock e Suas vertentes e correspondente do hoje também é dia de Rock em Goiás, e hoje trago a entrevista com o Paulo Noguer da Caoscracia, então boa leitura.
Paulo seja bem-vindo.

Paulo Noguer, Caoscracia: Agradeço a oportunidade de fazer essa entrevista e mando um salve a todos que acompanham o Rock e Suas Vertentes!

Rock e suas vertentes: Como e quando surgiu a banda? 

Paulo Noguer, Caoscracia: A Caoscracia surgiu em 2018 por conta do desejo que eu tinha de desengavetar algumas composições. Componho músicas faz muito tempo, porém essas músicas ficavam só para mim ou as vezes tocava para algum amigo ou familiar. Em algum momento passei a considerar que essas composições poderiam ter um propósito maior e aí então passei a levar isso mais a sério e então criei a Caoscracia. 

O início oficial da Caoscracia se deu em 2018 com uma participação num Festival chamado Rockabilly Fest onde tocamos três músicas autorais.

Rock e suas vertentes: Como fizeram para se manter na pandemia?

Paulo Noguer, Caoscracia: Eu trabalho com arquitetura e os demais músicos lecionam e possuem outras atividades na música. No que diz respeito à Caoscracia, a pandemia acabou atrasando a programação do projeto. O Single Tempestade em Copo D’água que seria gravado em 2020 acabou sendo gravado apenas em 2021.   

Rock e suas vertentes: Quais são as suas influências?

Paulo Noguer, Caoscracia: Para escrever as letras: Ira!, Raul Seixas, Camisa de Vênus, Engenheiros do Hawaii, Plebe Rude, Legião Urbana, Zé Ramalho, Violeta de Outono, 365, David Bowie. Os demais músicos possuem influências musicais muito variadas que abrangem todas a vertentes do rock.

Rock e suas vertentes: Costuma ensaiar como se estivesse num show ao vivo, para aperfeiçoar sua performance (e decorar todos os detalhes a ponto de improvisar sem riscos)?

Paulo Noguer, Caoscracia: Ensaiamos apenas quando há alguma apresentação. No momento a Caoscracia está apenas gravando e construindo um repertório.

Rock e suas vertentes: Qual a importância das letras nas músicas de vocês?

Paulo Noguer, Caoscracia: É fundamental que a letra seja boa. Busco boas histórias e temas reflexivos. Me preocupo com cada detalhe para que o texto fique perfeito.

Rock e suas vertentes: Sabemos que vocês lançaram um single no fim de 2019, ‘Voltas e Revoltas’, qual foi a inspiração para criar essa música?

Paulo Noguer, Caoscracia: Me lembro que fiz primeiro o refrão onde usei a história do Cavalo de Troia como metáfora para falar do ataque as Torres Gêmeas do WTC. Posteriormente desenvolvi o restante do texto contando a história desde a modernidade, com a invenção do avião. E a história segue mostrando como o homem deturpa suas criações para usos destrutivos. Contei essa história usando metáforas e figuras mitológicas. A capa do Single, uma torre de babel sendo atacada pelo avião, também segue esse mesmo conceito.

Rock e suas vertentes: Nos conte um pouco sobre Tempestade em Copo D'Água.

Paulo Noguer, Caoscracia: A inspiração para a música Tempestade em copo D'Água surgiu num dia normal em que eu estava andando de metrô. 

A história da música realmente aconteceu: O trem parou no meio do túnel causando um atraso ínfimo em nossa viagem e nesse momento uma pessoa na minha frente começou a resmungar por causa disso. Naquele instante eu comecei a refletir sobre o mundo e de como aquele problema poderia ser pequeno diante de tantas coisas ruins acontecendo lá fora. 
Ao escrever a música, introduzi o personagem ‘jornal’ para transportar a reflexão do ouvinte da escala do vagão de metrô para os lugares em colapso pelo mundo e o dia normal se transformou em uma viagem em transporte público para o trabalho, tornando a história um pouco mais caótica.

Rock e Suas Vertentes: Quais músicas você recomendaria para quem ainda não conhece o som de vocês? 

Paulo Noguer, Caoscracia: É difícil escolher um filho, mas recomendaria Voltas e Revoltas. Essa música foi super elogiada e ficou tocando nas rádios por mais de um ano. Terra de Ninguém também está agradando bastante, recebemos muitos elogios.

Rock e Suas Vertentes: De que maneira as novas músicas diferem das antigas?

Paulo Noguer, Caoscracia: A Caoscracia possui apenas 3 músicas lançadas até o momento ficando assim difícil fazer uma análise da evolução do trabalho. O primeiro single, ‘Voltas e Revoltas’, é todo desenvolvido com metáforas e as duas músicas mais recentes o texto é mais direto. Mesmo assim a gravação e lançamento das músicas não seguem a mesma cronologia de quando foram compostas.

Rock e Suas Vertentes: Qual a maior fonte de inspiração de vocês?

Paulo Noguer, Caoscracia: Na maioria das vezes as músicas acontecem quando estou andando na rua. Geralmente indo para o trabalho. Nesse momento fico refletindo sobre a vida e as músicas aparecem na minha cabeça. E aí os temas são variados: Falo sobre fatos que aconteceram comigo e que geram algum tipo de reflexão. Coisas que estão acontecendo no mundo e aparecem nos noticiários. Os livros também ajudam bastante na inspiração. Gosto bastante de escrever sobre o caos da cidade. Existe também um repertório de vida e de coisas que estudei, presenciei ou li. Acrescento que o ‘caos’ está em toda parte: Na fila do banco, numa burocracia, no ônibus lotado, no serviço público que não funciona, na calçada esburacada, nas dificuldades da vida. Então, tudo o que acontece no cotidiano é uma Caoscracia e pode assim servir de inspiração.

Rock e Suas Vertentes: Quais as características mais marcantes sobre o trabalho de vocês, e como vocês poderiam defini-lo?

Paulo Noguer, Caoscracia: Gostaria de ter essa resposta de alguém olhando de fora. Mas prefiro pensar que a receita está dando certo porque está tudo se harmonizando de forma equilibrada.

Rock e suas vertentes: Nos conte um pouco sobre a criação de Terra de Ninguém, como surgiu essa música?

Paulo Noguer, Caoscracia: A música Terra de Ninguém fala de violência em todos os aspectos. Moro no centro de São Paulo e aqui a violência está bastante presente: Muitos assaltos e furto de celulares (assaltantes munidos de faca). Já vi também brigas de bar e até presenciei da varanda de casa uma briga que acabou em morte. Quando escrevo na música ‘Se são seres humanos lá fora, o que faremos agora’ estou na janela de casa tentando imaginar quem são e como pensam essas pessoas, ou como chegamos nisso. Na música o meu olhar pela janela se estende para todo lado: Nas brigas de torcida, no terrorismo, na guerra que está acontecendo nesse momento na Ucrânia. E aí me pergunto novamente: O que pensam essas pessoas? Se é que pensam! São seres humanos? Eu costumo acreditar que em termos de evolução da consciência existem pessoas de diferentes épocas vivendo em 2022 e algumas delas podem ser da idade média ou até de antes!

Rock e suas vertentes: Como vocês enxergam a música de vocês no panorama musical nacional?

Paulo Noguer, Caoscracia: A Caoscracia é um projeto independente em construção. Estamos ainda buscando o nosso espaço.

Rock e suas vertentes: Sua ética e seus principais relacionamentos estão alinhados com sua carreira e apoiam seus sonhos com empolgação e dedicação?

Paulo Noguer, Caoscracia: Estamos bem alinhados nesse sentido. Temos todo apoio de amigos e familiares.

Rock e suas vertentes: Com quem vocês gostariam de dividir o palco um dia? 

Paulo Noguer, Caoscracia: Seria bem legal dividir o palco com artistas que influenciaram o projeto, Bandas como Ira!, Camisa de Vênus, Engenheiros e outras tantas bandas nacionais da geração de 80. Se for possível também incluir uma máquina do tempo nessa questão incluiria o Raul Seixas.

Rock e suas vertentes: Como artista, qual sua maior dificuldade na música?

Paulo Noguer, Caoscracia: A Caoscracia está tentando descobrir como sobreviver com um projeto autoral no mercado da música. Tudo ainda é investimento. Como remunerar o projeto ainda é um cenário nebuloso.

Rock e suas vertentes: Qual foi a fase mais difícil para vocês? Houve algum momento em que pensaram em desistir de tudo?

Paulo Noguer, Caoscracia: Não passamos por esse tipo de provação ainda. Estamos construindo o projeto com calma e refletindo sobre cada decisão e assim criando dificuldade para o revés.

Rock e suas vertentes: Você acha que a presença das mulheres no rock em geral, seja como vocalista/guitarrista, ou qualquer outro tipo de função nas bandas, ou até mesmo nas divulgações contribui para a igualdade de gêneros?

Paulo Noguer, Caoscracia: Acredito que contribui sim. Mas acho que a presença das mulheres em qualquer atividade deveria ser vista como algo normal. 

O sexo não deveria ser parâmetro para avaliar ninguém. Quem cria a bateria das nossas músicas é a Nina Pará. Uma excelente baterista. Nunca houve a reflexão sobre ser mulher ou homem. Gosto muito de ter a Nina no projeto pela sua competência e criatividade! 

Rock e suas vertentes: Como tem sido as parcerias com as rádios? Rádios que tocam músicas autorais. Ah propósito Ringo mandou um grande abraço para você.

Paulo Noguer, Caoscracia: A parceria com as rádios tem sido excelente. É importante dizer que as Web Rádios são atualmente o maior espaço para a apresentação do trabalho das bandas autorais independentes. Muito se fala que o Rock morreu, quem diz isso com certeza não ouve as Web rádio. Diferente de outros tempos, hoje a produção está nas mãos dos próprios artistas e tem se produzido muita música de forma independente. Esse é o estado atual do rock e me parece que as grandes rádios e outras mídia maiores não estão vendo o que está acontecendo (ou não querem ver). Acredito que as Web rádios estão mais atualizadas com o nosso tempo... Mando também um grande abraço ao Ringo e agradecemos muito pela enorme receptividade que tiveram com o nosso trabalho em seu programa de Rádio.

Lembro que a primeira vez que tocamos em seu programa foi com a música Tempestade em Copo D’água. Gostaram muito da música que resolveram repetir. Foi bastante motivador saber que gostaram tanto do nosso trabalho!

Rock e suas vertentes: Bom chegamos ao fim de nossa entrevista, e eu gostaria de agradecer você por ter aceito o meu convite e do Ringo, e dizer que adorei conhecer um pouco da história de vocês, e desejo sucesso.

Paulo Noguer, Caoscracia: Obrigado Amigos, gostei muito da entrevista. Também desejamos sucesso. O trabalho que vocês fazem é muito importante para o Rock!

Deixo esse espaço para você falar o que quiser para os seus leitores.

Paulo Noguer, Caoscracia: Gostaria de agradecer a todos que acompanham o nosso trabalho. Pra quem ainda não acompanha informo que as músicas da Caoscracia estão em todas as plataformas digitais. Ouçam, reflitam nas letras e caso gostem: Curtam, Sigam, Comentem, Compartilhem e nos inclua em suas playlists e posts (isso ajuda muuuuito). Aviso também que teremos novos lançamentos para 2023, muito provavelmente já em janeiro... desejamos muito Rock para todos...

Comentários

  1. Muito obrigado pela menção. Sim; lembro que a galera recebeu muito bem o trabalho dessa banda que me orgulho em ter sempre em nossas playlists. Obrigado aos integrantes da banda e claro, a nossa querida Geize Ester, que tem feito um trabalho maravilhoso!

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